terça-feira, 28 de setembro de 2010

- talvez por egoísmo, talvez por medo.


E a sangue frio renegarei meus sonhos. Sei que vives, oh grande amor de minha vida, com outro alguém, mas o que dizerdes disso? Ainda ouso murmurar seu nome pelos cantos divinos da angústia eterna; por ti, nos sonhos, morrerei sorrindo. Em seus lábios pressenti um beijo e perderia minhas mãos em seus cabelos para que entre as nuvens do amor você pudesse dormir. Embebedou minh’alma enamorada com seu doce veneno e procuro a cura; estou intoxicado. Hoje não te maldigo, mas maldigo o meu amor que está me fazendo ver que eu tenho e sempre tive você, mas de outra forma. Coração paspalho que errou na dose, agora sofra-te pela ganância egoísta. Se, ao acaso, ter sua presença novamente aqui, dependes de deixar de sentir o que sinto, estou disposto a esquecer-te somente para ter-te de volta, aqui, comigo, ao meu lado, meu mal necessário...

“Que não seja o fim, mas que seja a linha que mostre que a união de vidas não depende somente desse sentimento que quero.”

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

- onde quer que esteja.


Se perto ou longe, dei um grito para você ouvir. Sei que ouviu, mas não respondeu. As nuvens em algodão ainda continuam aqui e lá... Sobre nós. O telefone tocou e não era você, eu desliguei. Pensei em te ligar, mas o que eu falaria? Uso a emoção, mas ensinou-me a dar grande valor à razão, então, o que fazer? Se nossos sonhos não foram realizados foi culpa das horas que caminharam rápido demais, num instante contínuo. O vento gritou seu som e balançou algumas árvores fazendo com que caíssem folhas no chão; agora é repleto de calor. Por um descuido estamos separados, mas quem disse que é o fim? Preciso permanecer de olhos abertos e seguir em frente; é o que faço. E se por algum acaso eu fechar os olhos, se querer, sei que verei você e serei dominado pela saudade; evito dormir. No mar, sinto a maresia tocando meu rosto como seu beijo e aproveito a desfrutá-lo para matar a saudade sua, mas não a mata! Se acha correto assim, brilhe!!! Cansei de procurar sentidos nos sentimentos, pois eles sempre me levam de volta. Estava esperando uma história diferente, um novo começo; mas perdi minha borracha e não consegui apagar muitas coisas. Não vou entregar a ninguém meu coração; e mesmo quebrado, pertence somente a você. E de repente cinco palavras estão gritando em minha cabeça:

“Estamos fazendo a coisa certa?”

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

- sóbrio.


Vi-me sem saída, sem rumo. Olhei na rua, ninguém passava, ninguém me olhava. Corri, mas não tinha um rumo. Fechei os olhos e a dor continuou; ajoelhei. Agoniado, pensei em várias coisas que passara em minha vida, como num “review” em minha mente. Tantas coisas me fizeram desistir... Mas não tinha mais volta. Sentei-me no chão, encostei-me na parede e escorei meus braços em meus joelhos; solucei. Comecei a chorar e de meus olhos escorriam sangue. Agoniando cada segundo de tristeza, vi que aquela era à hora. Tirei algo do meu bolso, um pouco pesado, carregado com uma única bala. O desespero trepidou, abri minha boca e coloquei-adentro. Senti o gosto amargo de ferrugem penetrando em minha garganta, rasgando cada músculo de minha língua, secando a saliva e grudando-a. Mas de minha boca nunca saiu injustiças, nem rudes palavras a magoar uma pessoa a ponto de puni-la por algo. Então retiro-a e levanto-a, apontando para minha cabeça. Arrumo meu dedo e quando vou puxar o gatilho, lembro-me que minha mente sim merecia ser perfurada, mas outro órgão deveria ser punido. Eu apenas queria entender o real motivo... E em meus pensamentos só gerava tragédia, foi quando vejo uma luz, mas não havia muita paz nela. Olhei minhas mãos e vi sangue e, ao ficar de pé, vi meu corpo jogado, com um tiro atravessado no peito.

“Agora eu estou limitado pela vida que você deixou para trás .”

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

- hoje eu acordei.


Com vontade de você. Com vontade do seu gosto amargo como o leite condensado. Com vontade de olhar em seus olhos e voar. Com vontade de sentir seu abraço e saber que ali eu estarei seguro. Com vontade de velejar em seus lábios proibidos e afogar-me em seus beijos. Com vontade de andar de mãos dadas em público para que todos saibam o que somos um do outro. Com vontade de te ignorar e lutar, dando razão ao que realmente é certo. Com vontade de sentir o cheiro do seu perfume adocicado, misturado com o café pela manhã. Com vontade de ouvir cada palavra dita como um som perturbador. Com vontade de sentar embaixo da árvore e ter como música de fundo carros acelerando e derrapando. Vontade de dormir segurando seu dedo. Com vontade de correr até onde está e permanecer até a vontade de você passar.

“E sei que algum dia tudo isso não será apenas vontade.”

terça-feira, 21 de setembro de 2010

- consumido pela condenação.


Às vezes é preciso mais do que palavras para preencher o vazio. Quando um vento sopra a favor, tudo pode se realizar com facilidade. Mas quando ele resolve opor-se torna um pouco mais complicado. Talvez, poderemos dizer que são dificuldades para fortalecer algo bom ou acabar com tudo de uma só vez. Em um caminho estreito, em meio à selva de sanguinários, sem nenhum fragmento de amor ou compaixão, te um rumo a escolher onde tudo poderá seguir em frente ou despencar. Um som de fundo de uma caixa de música faz-me lembrar de como era fácil a infância, onde não havia muita responsabilidade; apenas gozar de diversão. Cantei junto com a caixa de música e hoje ela está calada... Talvez jogada. Crescer é preciso. Mudar é necessário. Esquecer é opcional. Ignorar é uma escolha. E amar é amar.

“Deixarei a sua peça do quebra-cabeça incompleto.”

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

- o jeito que estou.


Sabe o que é você ser olhado e não se sentir apenas mais um pedaço de carne? Quando você é olhado com um olhar de amor ou de desejo fica certa marca guardada dentro de si, saca!? Algo que, mesmo que você não queira fica ali. Eu disse que temia olhar nos olhos... eu avisei. Evitei, dei meu máximo, mas fui infectado; e envenenado por você fico pensando onde estará e o que estará fazendo... E porque não está aqui comigo. Eu gostaria de levar-te de volta pra casa, vendo as luzes da rua acenderem e brilharem, iluminando nosso caminho. Dormir sendo zelado por um anjo, disposto a ficar ali, ao seu lado, esperando-te acordar, dure o tempo que durar protegendo-te dos pesadelos com um simples e único abraço. E ao acordar lembrar de que não fora um sonho, mas sim a realidade, àquela de que tento precisei. Não me entreguei e nem pretendo. Serei duro comigo mesmo e com meu coração. Banirei você da minha vida e da minha mente. Você não tem permissão para entrar... O espaço já está ocupado por outro alguém. Quero que saia; quero que fique. Não foi o melhor dia, mas você tornou-o melhor. Eu não queria te ver, agora não tenho tanta certeza disso... Por que hipnotizou-me? Quero que estrale seus dedos e desfaça sua hipnose e deixe-me continuar minha vida, como ela era a uns dias atrás. Suma! Vá e não volte. Quero interferir você de minha mente arrancando-te para nunca mais voltar...

“Só espero não estar atrasado.”

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

- sonhos destinados.


O tempo está correndo mais rápido que eu e queria estar aproveitando cada segundo com você. Estou mantendo todos meus desejos em segredo dentro de uma garrafa, mas não tenho coragem de te dizer novamente o que sinto. Gostaria que desfizesse suas malas e voltasse pra cama, pois a história de amor está mal contada... Vamos escrever um final apropriado, em vez de um horror clássico, para que todos possam esperar na fila pra ver a estreia; mas somente nós veremos.

“Feche seus olhos que eu vou te beijar novamente.”

terça-feira, 14 de setembro de 2010

- lágrimas do céu.


Doce como um veneno você rasteja em minhas veias. Amargo como poesia, triste como carnaval. Verdadeiro como a infância, doloroso como um estupro. Linda como eu sempre desejei... Ao menos uma vez eu me sinto vivo. Sei que perfeito eu nunca fui e por você eu até tentei, mas você me deixou sozinho e isso foi como abraçar a loucura. Você escuta minha voz. Como um espírito te observo, como um demônio eu te devoro e como um Deus eu te absolvo e te mantenho viva em meus pensamentos. Como um pagão eu atravesso o vale da sombra da morte e para sempre tento te esquecer, mas é inútil. Você não pode me ouvir, mas eu estou em seus sonhos; nos teus sonhos mais secretos. Sou eu quem te consome enquanto você dorme. Enterre-me no vazio da sua alma, enquanto eu caminho pelo vão estreito. Toque-me sem melodia nem acorde, sem poesia nem harmonia; simplesmente me faça sentir, me faça voltar, me faça parar e recomeçar e me faça entender quem realmente eu sou. Esqueça-me e me guarde... Encontre-me e me use dentro de ti. Quero ser a letra e o poeta. Quero ser a lua alheia e o mar. Quero ser a tristeza e a dor. Quero ser o desejo e o amor para onde quer que caminharmos.


“Como uma maçã pendurada em uma árvore, eu provei a mais madura e ainda tenho a semente.”

sábado, 11 de setembro de 2010

- eu morri novamente.


O sangue está escorrendo pelo meu corpo; uma hemorragia sem fim espirrando pelas paredes formando profundas poças de dor... Não se comova. Abri meus pulsos com as unhas para tocar algumas veias e as mordi, sentindo a angustia e meu último calor se desvairando. Desfalecendo, sinto o desespero e o prazer de me ver morrer lentamente. Meu corpo se enfraqueceu e não posso mais ficar em pé... Sinto a morte se aproximando... Ouço choros desesperados... Não voltaria atrás se pudesse. Não chorem por mim, pois nenhuma lágrima trar-me-á de volta. Não me acompanhem e podem pisotear minha sepultura; não preciso de rosas nem de luto; não quero uma missa ou um último beijo... Tanto faz, agora nada mais importa. Estou acorrentado, afogando de dores, acompanhado do silêncio e vendo minha carne queimar-se, explodindo-se em cinzas. Caí num poço escuro para sempre, congelado por dentro...


“Esse foi apenas um doce sacrifício”.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

- de repente.


Você empetreficou a lua com um olhar sem vida, levou o Sol e cobriu-o com seu olhar desprovido de amor, tentando misturar o mar com o céu, o branco com o preto. Uniu forças para derrotar seu interior sentimental; era sentimental. Sofreu um passado assombroso, cheio de ilusões, talvez solitário, talvez sem amor... Agora causaste o mesmo. Elaborou uns planos marcados em papel guardanapo descartáveis e logo amassou-os e guardou em algum lugar, hoje perdido. Promessas já ditas que nunca seriam cumpridas continuam estáveis, apagadas na memória. Os caminhos se deslocaram, antes com um único rumo. Mas ambos não notamos a bifurcação à frente. Eu dei um passo e você se opôs a mim. Deixou de dizer que me ama, mas nunca disse que me odeia. Permanece em luta constante com seu coração sempre e sempre; não o dá um descanso. Escolher a solidão não é o certo nem o errado, mas seu momento é quem manda e sempre mandou. Uma lição quer aprender, “dar com a cara no muro”... Besteira! Espero você conseguir administrar seu próprio coração; ele pode parecer complicado....... quando se tem uma venda tapando sua visão. Talvez seja essa a lição que teve que aprender. Talvez nunca aprenderá... Apenas não diga nunca mais...

“E você tem que me ouvir...”

domingo, 5 de setembro de 2010

- retalhos da alma.


Tantas vozes... Muitos olhares atentos eram ensinamentos sobre a alma cheia. O amor... A dor... Abstraio-me, levanto vôo, já nada oiço, apenas o canto dos pássaros que me enchem de leveza, ouvindo o som da natureza. Chego a sentir a terra, o céu num movimento único. Sinto Deus em mim, ter a doce dádiva de entender as estrelas, a lua... Sentir o sol me aquecer vendo seu brilho resplandecendo em mim. Coração que tantas vezes sai de mim e voa para longe; Deixa-se levar pela brisa do final da tarde, muitas vezes despertada apenas pelo surgimento das estrelas; o pulsar da vida. Efêmero; Ainda bem que assim o é. Nunca sei aonde vou, mas sei onde quero chegar. O encantamento me impulsiona. Quero ser como sou. Assim foi que aprendi a amar e a deixar minh'alma falar. Hoje me lembrei de ti quando nem queria... O amor, a dor... Não acabam quando queremos.

"E deixo meu coração fugir de mim."

sábado, 4 de setembro de 2010

- repouso da alma.


Sentado sobre um pouco de grama, com as pernas dobradas, de pés nus dentro dum rio gélido, ora sentindo uma leve correnteza, ora de águas tranquilas; apoiando minhas mãos no chão, atrás, para eu poder ficar a vontade, sentindo a terra aquecida e pequenas plantas que ali resolveram morar. O som da cachoeira me faz sentir criança, com asas também, como se não estivesse realmente ali, mas lá, muito além; sentindo gotículas de água que batiam nas pedras e refletiam em meu rosto; maresia adocicada tocando meus lábios e unindo-se com o perfume das flores formando um único sentimento de paz. Pássaros brincando de voar, borboletas alimentando-se de pólen farto, sapos croachando em uma sintonia viril e peixes desafiando uns aos outros com o pulo mais alto. Eis é que temos tudo em nossa volta, coisas simples, intocáveis e esquecidas, coisas preciosas e às vezes nem percebemos seu verdadeiro valor, nem notamos...

“Quem pode dizer para onde vai à estrada, para onde o dia flui? Só o tempo...”