quarta-feira, 30 de setembro de 2015

- sorrateira.

Quem é essa que vive perambulando minha biografia escrita, bisbilhotando minhas letras, deixando seus rastros com sua rubrica, bem-dizendo as palavras de um sentimento enrolado, se enxergando através de meus olhos, dando palpites certeiros de canções de fundo de um livro aberto, passando seu tempo de ócio embriagando seus olhos com movimentos na horizontal pra lá e pra cá como um badalo frenético e incansável de um relógio cuco tentando desvendar as combinações de pequenos riscos que parecem fazer sentido? Será uma bela rosa por sua beleza e delicadeza incomparáveis de cores vivazes que impressionam até aqueles que não podem ver, ou será um caule cheio de espinhos que penetram a carne transpirada fazendo sangrar até o fim deixando uma marca de sua presença para sempre? Será uma bailarina do pé cheio de calos, mas coberto por um pequeno e delicado sapato de louça, um comprido laço magenta em sua cabeça transpondo os louros de seus cabelos finos e levemente enrolados e um vestido rosado, bem colado ao seu pequeno e justo corpo, ou uma esquisita esqueitista roqueira com seus reluzentes cabelos californianos, colorido de azul e roxo, com sua roupa larga no corpo, para esconder seu corpo no qual tem vergonha, se sentindo um lixo humano por não conseguir alcançar seus objetivos e ninguém ao menos se importar dando-lhe bom dia, desanimada da vida ao ponto de explodir por dentro, costurada e cicatrizada pela vida igualmente aos seus sapatos despojados remendados com grampos e fitas adesivas? Ou será ela um pouco de cada? Ela é misteriosa, astuta e oculta. Não sei nada desse ser que sonha de longe (bem) acordada, apenas seu codinome:
"Vaiper"

terça-feira, 29 de setembro de 2015

- "rastreando."

Oh preciosa gota de orvalho que vem cambaleando, deixando seus rastros por dentre as intermináveis folhas secas do outono sem fim, conte-me seu mais profundo segredo para que eu possa estar mais perto de ti. Quero sua fragrância de fonte inesgotável da mais pura e sincera água, na qual a cada andar solene vai contando um pequeno resumo de sua vida de mesmices. Surpreenda-me com seu olhar e guia-me ao encontro de ti, pois quero saciar o tormento que vive dentro de mim, nessa interminável estrada de pedras pontiagudas; me corroendo. Apenas siga o notável conselho que eu jamais seguiria: Não fique enamorada por aquilo que não te faça bem; o supremo.
" Fuja! Evapore! Corra! Desapareça ao vento!"

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

- em seu silêncio.

Sei que não está mais aqui. Mas me sinto bem melhor assim, pois sei que doeu, mas não existe ferida que não cicatrize, existe?! Há uma triste história de um homem que resolveu manifestar seus problemas na bebida (não lembro se era gim ou vodka) por não querer mais falar; emudeceu pra sempre. Estava perdido por dentro, contando histórias, em silêncio, para o fundo de uma garrafa vazia. Perdia horas olhando ao redor, procurando um ponto fixo no qual o chamasse atenção; mas nada achava, além de sua garrafa. Um estrondo cessou o silêncio e sua garrafa partiu-se em milhares de cacos. Tentou procurar outra garrafa cheia ou vazia, não importava, mas aquela era insubstituível. Com uma cola de colar papel (era a única que tinha) tentou colar os pedaços, mas se cortou profundamente , abrindo mais uma cicatriz sangrenta, na qual demorará outro tempo para cicatrizar.
"Você não pode brincar com coisas quebradas."