- mil decibéis.

Quero perder o controle com você no ecstasy das luzes coloridas projetadas na parede, passando pelos corpos em movimento freneticamente sem se cansar. Cabeça inquieta, pernas agitadas, suor pelo corpo, costas arranhadas, fumaça doce, boca cheirando a álcool, olhos estáticos, som a mil decibéis, mãos perdidas e lábios mais ainda.

"Quero ouvir o som do seu corpo em mim."

- processos.

Eu preciso respeitar minha dor, meu sofrimento, meu eu, meu luto, minhas lágrimas, o nó da minha garganta nesse processo doloroso que parece não ter fim; preciso me acolher, chorar, respirar e me recolher para me libertar. Preciso olhar para trás e revisar alguns passos que precisei dar ou que eu deixei que dessem por mim e encarar todos meus monstros debaixo da cama. Queria espancar e culpar a criança que está em mim... Como ela não viu? Como ela deixou eu fazer isso? Ela me enganou mais uma vez... Ela se deixou ser levada por um brinquedo lindo...Eu sempre quis ser livre, sempre fui independente, sempre fui completo, mas tudo isso me fez só, pois hoje esqueci quem eu sou. Hoje eu abracei a escuridão, pois eu só conseguia ver ela fantasiada, toda bela; eu não tenho culpa... Não tenho... É um erro querer mais? É um erro acreditar? É um erro amar? Minha criança não sabia... Ela foi iludida, foi manipulada, foi vendada. Hoje, quebrado, estou confiando no tempo, mas em contra partida vou me priorizar, vou me cuidar, vou me curar, vou deixar a porta entreaberta e voltar para meu lugar. Já estou fazendo caretas para minhas sombras e batendo no peito, porque tem que ser eu... Ninguém nunca deu valor e sempre vai ser assim. Por isso será eu por mim mesmo, acompanhado somente com quem eu permitir. Me julgam insano, "fora da casinha" e iludido, mas as melhores pessoas são assim e eu não sou comum... guardo dentro de mim a verdade, a riqueza e minhas garras quando for preciso. Poeira, pode sair do meu corpo agora... Eu vou amar novamente e continuar me amando como sempre fiz. Eu me ergui, me reencontrei (pois eu sempre estive aqui comigo)...Isso tudo foi necessário para ser quem vou me tornar e desculpa meu eu por ter me deixado ser levado pela emoção do momento. Talvez eu erre de novo e talvez eu tenha medo do que está por vir e isso faz parte, mas eu estarei aqui, sacudindo a poeira, chorar se for preciso e me erguer novamente e está tudo bem. Vou mudar minha rota! Quem sou eu? Está claro para mim agora...

"Eu sou aquela estrela cadente dourada que não cabe em qualquer universo."

- a folha.

Ela que acabou de cair da colossal e tão antiga árvore, com suas imensas folhagens verdes escuras, não aparenta estar muito saudável e com forças para seguir seu caminho; ela provavelmente vai parar ou desistir, mas isso é só uma opinião do contador. Ela estava sendo segurada por um fino e frágil caule de sustento do qual deixou ela ir para colocar outra em seu lugar... Outra mais verde, outra mais saudável, outra mais completa, outra mais firme, outra mais vivaz; e nunca foi perguntado o que a folha desnutrida gostaria de escolher. Nesse caminho de vento e sopros ela está sozinha, sendo pisada, atropelada, molhada, estilhaçada, amassada, empoeirada, devorada e largada. Provavelmente ela está esperando mais um vento para ela tomar um profundo fôlego para continuar sua vida de balanços e vai e vem. Ela pretende o melhor, ela espera o melhor, ela quer o melhor, mas ela está fraca e provavelmente não consiga dar mais um passo, digo um voo...

"Mas essa é somente mais uma opinião do contador."