quinta-feira, 17 de junho de 2010

- deixa o tempo.


Sentado, olhando pela janela as pessoas passarem, tornou-se monótono quando você não apareceu. Resolvi fechar a janela e puxar a cortina e não deixar os raios de Sol entrarem por hoje. O seu silêncio não me dá paz, sua ausência não me conforta e deixar de pensar em mim me assusta. Tentei gritar para você, mas você não me ouviu, ouvindo um som mais alto que minha voz. Não sei bem... Gostaria de gravar sua voz, para poder ouví-la toda vez que eu precisar, quando a saudade chegar. Um sussurro, sua respiração, batidas do seu coração, ou até o som do seu olhar. Gostaria que enterrasse um abraço em mim, disposto a ficar ali eternamente sentindo seu calor, que, nem a brisa mais fria do outono poderia desaquecê-lo. Mas o fogo está enfraquecido e na maioria dos dias (difícil de dizer isso) você parece estar se afastando cada vez mais. Quando disse que eu jogaria minhas cinzas ao mar adentro, não tive coragem e guardei-a naquele mesmo lugar. Eu sei que já passou a hora de eu seguir em frente, mas a luz do pânico me cega toda vez. Pânico? Talvez ausência ou até mesmo abraços... quem sabe voar, ou respirar, sentir, flutuar, caminhar, trilhar, pairar, tornar, formar(...). Mas poder contar com você tornou-se uma nova conquista a ser realizada, onde pensei ser e você mesmo disse que dessa forma seria mais fácil, mas as dificuldades entre dois corpos continuam as mesmas. Você pode me ajudar ou vai correr pra mais longe? Vai cantar ou deixar o silêncio? Pedi a Deus que nós não tivéssemos um fim, mas, talvez faltara-me fé ou talvez fiz o pedido errado, pois agora estou perdendo quase tudo de você. E, antes de dormir, quase rabisco um desenho que fizera pra mim, mas ao invés disso, pintei os corações de vermelho, não porque ainda existe esperanças, mas porque algum dia existiu. Entretanto, cada passo que eu dou torna-se um erro pra você, tendo em vista que sigo as pegadas que caminhei algum dia; e não sigo-as para relembrar alguma coisa, sigo-as porque eu devo trilhar meu caminho da maneira que eu acho certo, mesmo sendo irracional. Prosseguir e deixar o que passou pra lá é o mesmo que dizer que sou capaz de esquecer; confesso que não. Então eu compus uma linda canção (faço errado em escrever ao invés de falar, mas quem se importa?) onde “palavras de minha voz calada diz tudo” e “eu prometo que não estou tentando dificultar sua vida” são o tema dela, só que eu vim pela rua cantando e não escrevi-a. Mas me recordo de uma frase que dizia: “eu não vou me render, estou apaixonado e sempre estarei, mesmo te dando muita destruição e confusão e se não conseguir falar comigo novamente eu te entendo e estou certo que isso trará algum sentido pra você, onde eu ficarei calado e você pensará que eu parti pra outra, mas estará cometendo um erro.”

"Mas meus sonhos não são tão vazios como minha consciência os faz parecer e ninguém sabe como é sentir esses sentimentos como eu sinto e te culpo! Ninguém morde mais forte que sua raiva; ninguém pode mostrar seus pensamentos; ninguém para essa aflição, além de você"

sábado, 12 de junho de 2010

- evidências.


E com o passar dos dias, mas não dos momentos, meticulosos fatos se desfazem no ar como uma poeira em cima da televisão, ali esquecida, e que de vez em quando é arrastada, lembrada e retirada, porque acham que ali não é o lugar dela. E mesmo que eu tente me esconder dentro de uma casca, como uma tartaruga faz para proteger-se dos medos e dos perigos, há algumas coisas em nossas vidas que não tem como simplesmente esconder-se; mesmo que seja algo muito perigoso ou impossível de esquecer. Nem que eu tente lutar contra, às vezes penso não conseguir, como se uma fortaleza fora construída envolto de algo que pertence a mim, que mesmo que alguém tente perfurar, torna-se impossível de penetrar... qualquer som que seja, ou um brilho, ou um sinal. Como se algo estivesse se perdido dentro de mim, corroendo-me lentamente, como um ácido impetuoso, onde derramo palavras sólidas e pingos de desespero; amargas ou também um deprimente silêncio perdido no ar, que fora levado pra longe, em um lugar onde não há felicidade, nem tristeza, nem saúde, nem dor; apenas esquecido. E eu, cercado de pessoas, posso ouvir seus pensamentos mais profundos e secretos, apenas com o toque de um olhar, onde penetro seus olhos, percorro o caminho, sorrateiramente, até o lugar onde são guardados os sonhos e pouco a pouco vou sugando e puxando cada parte de qualquer imaginação ali existente; penso até que os manipulo ás vezes; mas ainda não me convenci. Fecho meus olhos e agradeço a Deus por certas coisas existirem ou terem existido, ou até mesmo pensado ser deixado de lado, mas é mais certo, preciso e importante como nunca fora; mesmo que não expresse. Lembro-me que em cima da cômoda, atrás do perfume, ao lado da sua foto que guardo, há um texto rabiscado... não para esquecer, pois quem quer esquecer rasga e joga fora, não simplesmente rabisca e deixa ali; apenas está rabiscado para que não eu possa ler todo momento e antes de dormir, e depois que acordar, e até mesmo antes de pensar em pensar... onde as palavras “Pareço bobo e confesso que devo estar, mas é assim que me sinto contigo... O que me resta é olhar o relógio, contar os minutos e esperar que volte” tornam-se possíveis de serem lidas, mas impossíveis de serem aproveitadas ou até mesmo de terem de volta seu verdadeiro e único sentido, onde apenas tento entender, falhando, e sem medo de para sempre assim ficar pois, o que estava dentro de mim fora dado à você e mesmo que me tenha devolvido, a socos, a força, contra sua vontade interior (acreditando estar certo agora) metade do meu se encaixou no seu e sua outra metade arrancou de mim, tendo eu meio e você um e meio, para dar sua metade a outro alguém que passará o resto da vida ao seu lado; te pertencendo, te amando e você retribuindo... eu ainda me lembro...

“E se você lembrar que nós pertencemos um ao outro, nunca se sinta envergonhado... chame meu nome. Mas se a gente não der certo, eu não estou nem aí, ainda vou poder sonhar com você”

segunda-feira, 7 de junho de 2010

- eu odeio essa festa.


E sentado, apreciando meus amigos dançarem num ritmo avassalador, num âmbito frenético e com ritmo, sou puxado pelos braços para juntar-se a eles. Meio tenso e sem jeito, apenas balanço meus pés, permanecendo de braços cruzados, sem muito desfrutar do momento e voltando de passo em passo para a cadeira. Mas sempre tinha alguém que me puxava de volta, me fazendo dançar, mexendo meus braços, me virando para que pudesse os meus pés mexerem, pulando e cantando; e eu parado, apenas mexendo meus pés com sutileza, voltando para a cadeira. E vocês devem estar se perguntando, “por que ele não quer dançar?” A resposta vem quando eu olho para o lado e não vejo você. Puxam-me mais outra vez, rebolando, girando e gritando, onde meus braços começam um movimento juntamente com as pernas, onde olho novamente para a mesa e sou dominado pelo vazio, em plena uma multidão. Ao voltar, um pouco antes de sentar, peço uma bebida qualquer e me aconchego à cadeira. Tentaram me puxar novamente, mas agora, tinha uma desculpa que estava esperando minha bebida. Plano perfeito! Mas que não durou muito tempo, pois, ao chegar a bebida, já havia três pessoas para me levar ao centro da pista de dança novamente. Juntamente com a bebida deixo ser levado, e, quando um calor inexplicável toma conta de mim, começo a dançar, tão desesperado e incontrolável quanto todos em minha volta; por um instante te esqueci. Dançando, requebrando, mexendo e bebendo eu estava, em um ritmo psicodélico, sem minha mente entender bem porque eu estava fazendo aquilo e meu corpo cada vez mais se estremecia em uma onda de sobre-visão, no qual tudo rodava, mesmo eu estando parado. Dançava e dançava sem medo de errar ou sentir-me envergonhado por não saber o passo; apenas dançava. Quando estava no auge da dança, em um puro êxtase, eis que ouço o silencio da minha mente perante todos que ali estavam e um som calmo e sutil começa a tocar... um som de romance. Cada um pegou seu par e eu, no meio da pista me perguntando “o que estou fazendo, realmente, aqui?” viro-me de costas para as pessoas e encaminho em direção da porta. Foi quando lembrei-me que você não estava na festa. Foi quando lembrei-me que você não dançou comigo. Foi quando lembrei-me do vazio daquela mesa em que estava sentado. Foi quando lembrei-me que você não estava me esperando do lado de fora, para me levar pra casa...

"No começo da madrugada que eu tinha todo o tempo do mundo para fazer o que eu queria, meu coração despertou a saudade em você..."

sábado, 5 de junho de 2010

- cartas para você.


Agora os dias sem você fazem parte da minha vida; não por uma obrigação, não para ser mais fácil, não porque eu quis; somente se foi. E nos meus momentos de vazio, pego o papel e a caneta e faço mais uma linda carta de amor, como das tantas que te escrevi um dia; mas diferente das outras, essa eu não vou te entregar. E quando soa o telefone meu coração dispara na vontade de ouvir sua voz de novo, dizendo que sente minha falta e que vamos ficar juntos novamente, mas essa é a voz do meu pensamento, que sae sem permissão e que logo se esvaia, pois lembrei que você esqueceu meu número. Saudades brotam no meu coração, ocupando umas fendas agora vazias, somente pra lembrar você em mim; saudades que você nunca viu e nunca verá; saudades de um sonho não sonhado, antes amado, que não vai se realizar. E nervoso, não sei bem as palavras que escrevo; não sei se estou expressando o que estou sentindo realmente; meus pensamentos sufocam meu vocabulário, impedindo de “colocar pra fora” tudo o que queria te dizer, mas és dono de uma boa percepção e compreenderá muito mais do que deixei a transparecer. E ao tocar nossa música eu olho em volta esperando você me pegar de surpresa, tapando meus olhos e me dizendo, levemente, que isso foi um pesadelo, soltando sua voz e interpretando o sentido dela, mas lembrei que esqueci nossa música, pois aboli-a de minha vida. Eu queria a alegria de sua presença, porque bastava eu não conseguir algo, ou até você mesmo, que uníamos nossas forças para que juntos pudéssemos realizar o que fosse. Agora prefiro a independência e realizar meus sonhos por mim mesmo, pois um pedaço de minha essência foi arrancada. Nos meus momentos de ócio, lembrando de um tempo que se foi, um pouco sufocado, lembro que eu sempre tinha um pouquinho de você, ora por mensagens, ora com presença, ora com o calor do seu espírito; sinto demasiadamente falta desses antigos e carinhosos pedaços. Confesso que já tentei fazer algo com outras pessoas, mudar meu rumo, mas nada deu certo; não porque não me entreguei (em partes sim), mas fiquei insatisfeito com os resultados obtidos, onde o amor é o segundo plano de um relacionamento e não o primeiro. Eu já falei milhares de vezes sobre isso e nunca mudei meu discurso sobre você; posso te enganar; posso enganar os outros; mas não me engano; nem meu coração. Eu carrego dentro de mim o pensamento de que tudo o que eu escrevi aqui te faça compreender que, não basta eu querer, não basta eu tentar, não basta eu colocar em prática, não basta eu escrever, não basta eu chorar, não basta eu esperar, não basta eu mais sonhar para tentar algo com plenitude... não tenho mais nada de melhor a perder. Apenas deixo aqui minha caneta e essa carta ficará com as outras, guardadas em algum canto do meu quarto, nas quais nunca verá.


“Os antigos sonhos e desejos que eu tinha com você foram sepultados quando recebi a notícia que, talvez trouxesse alegria para toda a sua família; mas um vazio profundo no meu coração.”

quarta-feira, 2 de junho de 2010

- palavras do coração.


Meticulosos sentimentos se esvaíram pela minha cabeça, formando uma nuvem de espessura fina, cinza e predominante. E sem saber ao certo porque estava ali, simplesmente aceitei-a e fiz dela o meu lugar secreto, onde guardava sentimentos e bondade. Sentia-me feliz por me esconder e por aquela presença sentir, na qual lágrimas me acompanhavam, me fazendo “feliz” e “realizado”. Adaptei-me dessa forma de vida onde era tudo mais fácil, porém nem tudo era mais bonito, onde tudo era mais escuro e não havia a luz, onde necessitava de um “hospedeiro” para poder viver, onde eu era o segundo lugar, onde as flores negras, sem perfumes, não brotavam, onde a música tocava um falso som... E, perdendo todas as pessoas em minha volta, não importei com a solidão e continuei. E como no fim de uma noite, onde as estrelas tem a vergonha de aparecerem para brilhar junto à Lua, que também não aparecera, os brilhos dos olhos se igualaram ao céu, apagando-se e tornando-se um vazio paradoxo e obscuro. Caminhando sobre um falso caminho subtraído de felicidade, sentei em baixo de uma árvore junto a você e quando de repente surge uma luz intensa, com fragmentos de paz, onde iluminava somente a você. Seguiu esse caminho e me deixaste embaixo da árvore, sem olhar para trás, nem ao menos se despedir, nem ao menos pensar... Tentei trazer de volta, mas já era tarde; essa luz já havia te dominado, e, mesmo que eu continuasse tentando, não conseguiria, pois minha voz não penetrava adentro dessa luz. Então, embaixo daquela árvore permaneci por mais algumas horas, sem saber para onde foi, porque foi e com quem foi. E, ao dormir, novamente em minha cama, com o cair da noite, simultaneamente, o frio aconchegou-se em mim, expulsando todo o calor que eu havia absorvido. E por um momento, senti um arrepio que veio subindo da minha espinha e que terminava na ponta do meu nariz. Só sei que não foi o frio que isso causou, pois me aqueci novamente, por poucos segundos, lembrando-me dos seus olhos. E voltando a me resfriar, aludo-me com uma fotografia deixada de lado. Foi então que fragmentos daquela mesma luz voltaram para me levar junto, onde avistei-te, agora vivaz,onde tentou adjudicar-me que poderia ter a mesma abundância daquela luz, era só eu querer; e poderia subsumir-me cheio de paz, luz, e felicidade eterna, mas agora, de maneira diferente deveria te ver. Despautério eu fui e não aceitei tamanha injustiça e ignorei blasfêmias ditas e tentei te puxar de volta, mas eu não podia atravessar a luz. Tentei chorar para conseguir aqueles sentimentos antes prevalecentes, mas consegui apenas misericórdia. Inibido de entendimento lógico fechei os olhos e quando abri a luz havia sumido. Agora minha tristeza setuplicou, pois a quem sempre do meu lado esteve, não estava mais (à minha vista), pois sempre esteve ali, apenas eu que não enxergara. Decidi livrar esse “ser” que agora se tornara luz na minha vida. Tentei, resisti, mortifiquei, mas nunca consegui se quer afastar, quanto mais apagar ou me livrar, pois, como estava do meu lado, andava sempre assombrando-me. Foi então que, ao perceber o exagero, onde por mais que eu tentasse nunca iria conseguir, me entreguei a seu modo de vida, mas não por completo ainda... Aos poucos estou vendo as cores dos girassol, mas não sinto seu cheiro, e vendo as abelhas pegar o pólen. A luz do Sol tão forte,mas ainda não sinto seu calor, e a Lua, por incrível que pareça, está mais iluminada, brilhando mais que o próprio Sol. E as estrelas... nunca havia visto tantas juntas; brilhosas e celestial, mas ainda não enxergo seus caminhos. Ouço ruídos rítmicos, que me parecem músicas e vejo sempre essa luz, que insiste em me puxar para dentro, onde não estou mais tendo forças para resistir... Tento uma forma eficiente de inibi-la, mas parece que já tomou conta de um pedaço meu. Ela ainda não tem o maior pedaço, preponderante, mas está se engrandecendo. Tudo em minha volta está engrandecendo. Pessoas que antes eu odiava estou sentindo falta, problemas com todos estão sumindo, e com o psicológico meio afetado estou me transformando... Para ter Ele, a felicidade eterna que me prometeram, me afastando das sombras para nunca mais voltar. Apenas ter paciência para adaptar. E se me perguntarem, agora, e o passado?
A resposta é simples: "O passado já passou e o futuro deixarei pra Ele."