- piscas piscas.

O espírito natalino chegou aqui. Ele se habitou em cima de uma mesa de vidro com quatro cadeiras brancas, trazendo sua delicada árvore branca, com um laço prateado amarrado em seu caule, suas bolas rosegold decorando seus ramos fortificados de plástico duro, um veado branco metido a indelicado se posicionou em baixo de suas folhas para se refrescar do calor, sua bota guarda uma surpresa de neve com o nariz de cenoura e suas quentes roupas, que só de olhar me dá calor... Finalmente os piscas piscas iluminam a sala vazia e escura, iluminando o sofá onde ninguém mais sentou e o topo da árvore está em sua frente, jogado, mas não esquecido. Ele vai ficar aí por todo o Natal, porque somente duas mãos não podem com seu peso e nem com seu verdadeiro significado.

"Embaixo dela terá um presente específico que já havia sido comprado há um bom tempo, muito bem embalado, que não vai ser entregue."

- então...

A madrugada veio me dar boa noite. Ela estava inquieta e bem atenta aos detalhes ao seu redor, com grandes olhos abertos que não fechavam nem para descansar suas dilatadas pupilas de insônia. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis da manhã vi passar, olhando para o alto sem entender bem o que estava olhando, com um pequeno embaraço de algumas letras roxas, manchadas de gotas aleatórias sobre elas, dentro de um quarto vazio, repetindo o som das lágrimas caindo no chão, ao lado de um corpo despido, gelado e esquecido; havia sete poças alí. O sol não doeu meus olhos, pois o vi nascer, as estrelas não deram um até logo, pois prometeram estar de volta já já e o silêncio está me fazendo companhia desde então; viramos melhores amigos. Estou sentindo bastante falta de alguém que foi dar uma volta, mas não me avisou com antecedência para eu me preparar e nem quando voltaria...

"O ar."

- obrigado, filhos.

Meus filhos, o pai está escrevendo esse texto para dizer quantas lágrimas estou derramando por vocês há dois dias e o quão importantes vocês são para mim... Henry, você me ensinou o que é aceitar o próprio corpo, sem defeitos e que somos lindos, independente de qualquer padrão ridículo que nos impõe e que sempre é hora de brincar, mesmo que seja com uma galinha de borracha ou duas meias amarradas uma na outra... Que ser delicado faz parte e que comida, passeios, carinho, maçã, cenoura, banana, tomate e biscoito são sempre bem vindos, mesmo que eu faça cocô andando. Obrigado por me ensinar que eu caibo em qualquer lugar que eu queira. Thierry (eu escrevo para você soluçando, sem nenhum ar nos meus pulmões por causa do tremendo amor que eu conquistei de você) no começo eu não acreditei em nós... Você era amarrento, difícil e não aceitava meus beijos e meus carinhos, mas hoje você me conquistou de uma forma inexplicável. Obrigado por me ensinar a perseverança, a calma, a sutil arte de ser desastrado e que sempre é uma boa hora para um bom xixi, mesmo que aconteça de fazer no lugar errado e uma pata erguida expresse minha ofensa para você. Obrigado por me ensinar a ser persistente e lutar por aquilo que eu acredito, mesmo que seja empurrando com o fucinho ou fazer cocô girando sem parar, ou me puxando e gritando sem parar no meio da rua. Obrigado por me proteger em todos os dias de chuvas que estive sozinho. Obrigado vocês por todos esses anos de afeto, conquistas e amor, e obrigado por secarem minhas pernas sempre no banho. Obrigado por fazerem companhia quando eu estava só e verem todas as minhas lágrimas e alegrias sem julgamento, mesmo que fosse para dormir escondido na minha cama, enquanto eu dormia. Obrigado por acordarem dançando comigo, mesmo que fosse 4:57 da manhã. Eu queria participar da vida de vocês pra sempre, mas vocês precisaram se mudar... Obrigado. Obrigado por me defenderem de estranhos sempre que eu precisei, mesmo não tendo estranho nenhum e cuidarem da casa quando eu estava e não estava. Obrigado por me receberem sempre com muita alegria quando eu chegava do serviço, com rabinhos balançando sem parar e corridas de ansiedade por um abraço aconchegante e quentinho, mesmo no calor. Eu nunca vou me esquecer de vocês. Minha vida está completa por eu ter conhecido os dois filhos do pai, mas terá sempre dois espacinhos que são de vocês e nada nem ninguém tem a capacidade de preencher ou me fazer esquecer; e mesmo que eu tenha cem anos vividos, sempre lembrarei do fucinho de vocês. Eu amo vocês pra sempre.

"Ps: não fiquem bravos comigo e não se esqueçam de mim, por favor."

- pombos na praça.

O bom dia hoje foi diferente... Eu contava os segundos e o relógio parecia estar inquieto e com preguiça. Um banho, uma foto, a roupa trocada e o perfume que te inquieta. Os allstars estavam mais gastos, as pernas cansadas e um doce bem gelado nos refrescou que até seu rosto caiu sobre meu ombro com os olhos fechados, em público, com pessoas passando, mas só havia nós dois. Correndo, pulando e gritando no meio da rua com você, fez meu dia ser completo de uma forma que eu não sabia que poderia acontecer. E depois de toda a energia gasta, dois corpos, quatro pernas, dois corações e duas bocas estavam descansando sobre a grama refrescante. E ao findar da tarde, seus olhos ficaram pequenos, sua mão estava no vidro do ônibus pedindo para eu ir junto, ou para você mesmo ficar, ou para parar o tempo ali, mas nenhuma dessas coisas foram cedidas e eu não parei de te olhar, até você sumir no horizonte.

"Você poderia voltar?"

- jantar em família.

O plano era eu e você naquela noite, com aquela troca de calor que somente nós temos e ninguém sabe. Mas eles foram mudados por causa de três pessoas que alí estavam. Foi incrível. Mas nós... Ahhhh nós... Estavamos ligados, nos comunicando e fazendo amor por pensamento e olhares. Eu ouvia "eu te amo" com leitura dos seus grandes lábios e meu coração acelerava, e você via meus dentes morder meus lábios de leve, e você fechava os olhos para controlar todo o tesão que alí estava acontecendo, mas ninguém percebeu além de nós. Eu mexia com sua cabeça e você com a minha e fizemos uma orgia de sentimentos entrar e sair por nós; o suor, os olhos, a mastigação, as mãos, tudo escorregadio. E no final, limpamos nossa boca com o guardanapo descartável e cada um foi pra sua casa de barriga e desejo cheios.

"Eu adoraria viver com essa energia adolescente, que não sentia há muiiiiiiiito tempo."

- seu olhar.

Eu te ignorei de começo, mas depois eu te olhei. Você estava olhando lá e se virou para mim. Quando nossos olhos se encontraram eu desviei para lá e depois voltei para você e você ainda estava olhando para mim, que, quando percebeu que eu virei para você, você olhou para lá, bem rapidinho com meio sorriso em seus olhos e eu olhei para baixo com o sorriso completo nos meus.

"Perdi meu rumo."

- intruso.

Você faz a bateria do meu celular acabar bem mais rápido, faz eu sair de casa atrasado totalmente perdido das horas, faz eu lutar contra meu sono mesmo sabendo que eu precisarei acordar cedo no dia seguinte, faz eu esquecer meus documentos em casa dentro da mochila, faz eu esquecer meus acessórios que nunca esqueço e me tira do chão. Você faz eu querer dançar a todo momento no banheiro, no quarto, na sala, na rua, no ônibus, na calçada, nas estrelas, na lua. E, exatamente hoje me perguntei: "por que eu? Por que você me viu quando eu estava me sentindo totalmente invisível? Por quê?

"Pois sempre que te beijo eu fecho os olhos, pois tenho medo de altura."

- último texto para você.

Hoje não sou mais sua inquietude, nem seu fantasma, nem sua inspiração textual. Você se fechou e colocou uma pedra de gelo, dentro de você, como um ponto final; doeu. Eu acho que perdi o dia do nosso primeiro beijo, não sei onde procurá-lo e não pretendo isso. As promessas foram quebradas e jogadas de um alto cume, esparramadas no chão com todas as suas entranhas expostas, deixadas alí para algum animal desconhecido se alimentar dessa pouca proteína que restou. Foi bom ter você, foi bom sentir você, foi bom respirar você, foi bom me entregar para você, foi bom existir com você, foi bom o pouco "pra sempre" com você...

"Adeus ex inquilino do meu ser."

- pois é...

Sem ligações? Eu entendo.

Sem mensagens? Eu entendo.

Sem conversar? Eu entendo.

Sem carinho? Eu entendo.

Sem atenção? Eu entendo.

Sem boa noite? Eu entendo.

Sem tempo pra mim? Eu entendo.

"Agora que resolvi não me importar mais, eu espero que você me entenda."

- promessas desfeitas.

Estou quebrado e diluído a pó, mas tinham ciclos que precisavam serem quebrados, mesmo contra minha vontade, e eu sabia disso. Eu me perdi forçando você a ficar e eu achei que era a solução certa pra mim, e talvez seria, mas isso eu nunca mais saberei; ou talvez mais tarde eu saiba se isso foi realmente necessário; não quero pensar mais nisso. Um se aproximava, o outro se afastava. Um queria a presença, o outro nem tanto. Um queria o cheiro da blusa suada, o outro queria se livrar de tudo isso; um paradoxo. Vou dar um mini passo de cada vez e me reerguer aos poucos e precisarei de tempo para voltar a andar, porque minha estrutura foi tirada de mim, sabendo que hoje meu amor não mais serve, mas não foi uma escolha minha.... por mim você seria meu tudo. Eu desconheço você; somos estranhos... não sei mais nada de você, não sei por onde anda e não gostaria de olhar mais nos seus olhos, aqueles olhos que eu amo. Sai daqui novo desconhecido; pode levar cada pedaço meu que eu te dei e faça o que quiser com eles, siga pela porta e não olhe para trás.

"Teve uma hora que parecia que ia dar certo..."

- um até logo.

Você era honesto, trabalhador, simples até demais, tímido, com pouca instrução e ouso a dizer rústico. Ia trabalhar quando o sol não havia saído, e voltava somente quando o sol estivesse escondido; sujo, cansado, orgulhoso e sempre com surpresas frescas na mochila, surrada de trabalho, que virava suco no fim da noite. Sinto em não ter dito o quanto te admirava por correr atrás para ter uma boa vida, por ter criado um filho incrível, hoje homem bem sucedido, por sempre ter esperança por algo melhor e por ter lutado a cada instante de sua respiração. Você deu o seu melhor, você ensinou o que sabia e isso basta. E eu tentei dar meu melhor, ajoelhado, com choros ensurdecedores por ti por duas semanas seguidas, sem ninguém saber; e eu faria de novo se tivesse chance. Hoje você não pode mais ler essas palavras, mas, se algum dia puder ler, quero te dizer um, bem recheado, muito obrigado por eu ter te conhecido.

"Eu sempre me lembrarei de você."

- desisto.

Lutei, persisti, insisti, me esqueci e fiquei alí. Eu dei o que eu podia doar, eu sustentei até as mãos sangrarem e em silêncio eu chorei sem, absolutamente, ninguém saber; eu fui o meu melhor. Eu queria mais, mais tempos juntos, pois foi bem pouco para mim... eu estava esperando a eternidade com você, estava conquistando as estrelas do céu e trilhando, entrelaçando, meu caminho com o seu, de mãos dadas até o sempre, mas não deu; tentei até o meu último suspiro. Hoje eu vou ser o que eu nasci para ser, EU MESMO. Não vou mais me privar de nada, ou me esconder de ninguém, ou abafar meus sentimentos. Vou gritar, vou sorrir pra todos, vou pular, vou desfilar, vou me empenhar, vou me esforçar, vou dançar, vou conquistar o mundo com o melhor parceiro de todos... EU! Ainda é estranho entender isso, mas ficou claro que nada vai mudar e o passado não tem volta, mas nada dói para sempre. Eu termino esse texto de despedida, dizendo a última palavra que tenho para você...

"Obrigado!"

- te quero.

Por favor... Fala pra mim que foi somente mais um erro que se pode concertar, que foi somente um momento de pensamentos, um instante de fúria que passou. Fala para mim que o que foi construído não vai virar entulhos em uma foto, que você vai estender sua mão para me tirar de onde estou, que nascemos para ser um do outro e, que, nem toda nossa diferença, e nem o universo poderá nos dividir. Fala para mim que juntos somos melhores, juntos conquistamos o mundo e juntos temos a eternidade abaixo de nossos pés. Me pega pelos ombros, me sacode e peça para eu parar com toda essa farsa de poucas palavras e desprezo, sendo que, na verdade, queria estar deitado no seu colo esperando o sono vir, e ser acordado com seu beijo para me levar para a cama; sonolento.

"Eu estou aqui até agora esperando você, para voltar a ser meu para sempre."

- era meu.

Você era para ser minha pessoa, meu tudo, meu universo, minha cura, meu ar, meu calor, minha confusão, meu mau caminho, minha bagunça, meu pudor, meu alicerce, minha proteção, meu apoio, meu sacio, meu amargo, minha intensidade, minha razão, meu vicio, minha embriaguez, meu olhar, meu pecado...

"Mas eu me sinto somente sua lembrança."

- tudo contra mim.

Você me desprezou, me odiou, me silenciou, me destestou. Fez indiferença, repulsa, asco, aversão. Ficou enraivecido, zangado, agressivo, frustado, indignado, hostil. Teve enjoo, desafeto, implicância, fastio, furor, zanga. Se indignou, se irritou, se irou; me trocou...

"Por que, em silêncio, eu ainda te amo fortemente?"

- pequenos grandes momentos.

Por um devaneio qualquer, hoje me veio a mente nossos momentos, aqueles que estava comigo; aquele que se o mundo caísse, você estava lá para me agarrar entre seus braços com a blusa verde escura, me puxar com toda força e não me soltar nunca mais. Lembrei-me também das noites estreladas e um carro, trancados pelo lado de fora, com uma brecha na janela, que mal cabia a mão; eu sorri, eu "gelei". Um beijo no seu colo com uma bala, línguas se comunicando e seu corpo e seus braços sempre dispostos a mim; eu nunca te disse, mas me sentia a pessoa mais protegida do universo com você e nada poderia me vencer. Eu estava em casa, eu estava feliz, eu estava completo. Hoje eu abri minha maleta de medicamentos e passei um pouco de cicatrizante em mim. Eu sei que não faz diferença, eu sei que vou te querer de novo mais um dia, eu sei que essa noite não vai ser diferente e eu vou dormir olhando para seu lado da cama, vazio, e eu sei que meu coração vai chamar seu nome de novo.

"Estou com saudades, muitas...

- silenciosas lágrimas do coração.

Se eu não te olhar mais, se eu não estiver com você, se eu for grosseiro, se eu não sorrir mais para você, se eu te ignorar, se eu for rude, se eu fingir que não te ouvi, se eu fizer careta, se eu não respondi sua pergunta, se não dou mais gargalhadas com você, se eu não compartilhar meu dia, se eu não quiser tomar banho de chuva com você, se eu não quiser mais comer comidas gordas com você, se eu não te ligar mais, se minha sobrancelha se erguer, se eu ficar na cama até mais tarde ou ir para cama mais cedo sem jantar para não te ver, se eu não te abraçar mais, se eu sentar do seu lado do ônibus e não conversar com você, se eu esquecer o número do seu celular, se eu dormir sem te dar boa noite..... não é porque eu te odeio...

"É porque meu mundo está em pedaços sem você."

- pequeno silêncio.

Oi, tudo bem? Faz tempo que não te olho, pois não quero relembrar de nada que aconteceu. Eu estou procurando preencher meu tempo com compromissos para não pensar apenas nos momentos bons que tinhamos e, através disso, te desejar de novo, te pedir de novo e te abraçar de novo; não quero falar com você. Vi que sua energia mudou e, com certeza, deve ter conhecido alguém... alguém que vai tomar meu lugar, alguém que vai sentir o gosto que eu tanto gostava, alguém que está roubando sua madrugada que era toda minha, alguém que vai ocupar o espaço que era só meu e eu não posso fazer, absolutamente, mais nada. Sinto sua falta, muito... às vezes não controlo e me distraio em lágrimas ocultas. Mas somos maus um para o outro. Por quê? Por que comigo? Por que com você? Tudo que eu faço eu penso em você. Tudo que eu olho, eu lembro em você. E quando eu fecho os olhos, eu te imagino com o cabelo desarrumado, que acabou de acordar, os olhos entreabertos, por causa da claridade, e sua mão direita balançando para mim, como um sinal de bom dia, com gemidos de preguiça e mimo. Por que somos tóxicos? Por que está fazendo coisas, que não queria fazer comigo? Por que eu não sou mais sua razão? Por que seu coração não olha mais para mim? Por que deixamos nos escapar um do outro? Por que não posso sentir mais seu cheiro? Por que não acorda mais do meu lado? Por que as chances se cansaram? Por que você não vê que somos um do outro? Por que não vê que estou em prantos neste momento, enquanto escrevo esse texto? Por que minha esperança está massacrada?

"Estou triste, pois minha eternidade se foi..."

- você de volta!!!

Faz dias que te procurava a finco, sem parar, cada espaço conhecido por mim, onde, imaginei que poderia estar, mas não fui bem sucedido. Segundos, horas, dias, meses lembrando em você, e nem por um instante troquei meu desejo e meus olhares; cadê você, a pessoa que rouba minha inquietude? Quando menos imaginei, fui pego de surpresa. Queria gritar, queria correr, queria desmaiar, queria te abraçar, mas de antemão apenas sorri em silêncio e fiz que olhasse para mim, mas não olhou. Segui você e passei bem próximo a você e nossos olhos se reconheceram. Estou apaixonado, estou bobo pelos seus perfeitos olhos castanhos, que ainda me dominam... Foram os mais completos sete segundos da minha semana. E estou sorrindo até agora, escrevendo este texto.

"E já fizeram dezenove minutos..."

- falsos sinais.

Como já pressentia, tudo voltou a ser como era; mais uma de mais uma vez. Nossos lábios não se tocam, o beijo não é mais gostoso, o sexo não dá prazer, as mãos estão longe, os olhos estão desviados, o carinho passou longe, os sonhos se limitando, o cérebro estressado, o coração cansado e a solidão companheira; mesmo estando com você. Da penúltima vez que estávamos longe, disse eu que nunca mais voltaria, mas fui enganado mais uma vez por um devaneio que criei em minha mente. Como vou te culpar de algo que eu criei? A versão que poetizei de você não é responsabilidade sua... Tentar algo é forçar demais, pedir algo é cansativo demais. Sou assim!!! Até quando vou me enganar? Até quando vou me iludir com os falsos sinais? Acorda! Uma hora todos nós cansamos de sermos tratados como um nada...

“Onde eu errei?”

- preciso.

Por favor, me dá uma chance... deixa eu provar que eu consigo, deixa eu provar que eu alcanço; não desista do amor. Não jogue tudo para o ar, tenta o beijo meu, me abrace com muita força; não me mande embora, não me jogue fora. Deixa meus olhos te convencerem, minhas mãos te puxarem, meus pés entrelaçarem. Não tranque o portão, não entre no carro, não bata a porta, não apague a luz, não me deixe aqui. Serei seu amor, serei sua vida, serei sua eternidade, serei seu infinito...

"Apenas olhe para mim; uma vez."

- não é trair. (mas é sim)

Trair não é somente o ato final... não é só tirar a roupa, não é só um beijo na boca. Trair é dizer que não vai, mas vai escondido quando não tem ninguém olhando. Trair é planejar algo em sua mente que não condiz, e esperar a oportunidade para fazer. Trair é esconder, trair é mentir. Trair é flertar quando não é permitido. Trair é fazer amor ou chorar escondido, imaginando o outro. Trair é olhar com vontade, trair é apagar as mensagens. Trair é fazer com que o outro se sinta enganado, trair é fazer tudo aquilo que não foi combinado. Trair é muito mais do que tirar a aliança; trair é acabar com a confiança. E a confiança é como um castelo de cartas, que demora um bom tempo para construir... e a traição é um sopro de vento bem forte...

"...que faz tuda cair."

- me perdi.

O que são esses olhos? Diferente dos outros, eles não dizem te amo, ou gosto de você, ou gostaria de passar a vida toda com você, como um bobo apaixonado... eles dizem te desejo, te quero e isso me desestabilizou. Eu não queria, e estava tudo sobre controle. Por que fui dominado por um olhar? E não qualquer olhar... o seu olhar! Era meu, o controle, e agora é seu. Você me domina, você tem a posse de mim, você me controla e isso é perigoso.

Não me acesse mais, pois é um caminho sem volta.

- me conquistou.

O olho para

A boca seca

As pernas travam

As mãos suam

O coração dispara

A respiração não ajuda

A cabeça reviravolta

E o corpo estremece

A pressão descendo

A pressão subindo

Tudo isso por causa do mais lindo olhar que recebi até hoje; te desejo.

- o romântico olhar de um desvio de um monólogo brilhante.

Eu estava ali, preocupado com tudo, correndo e correndo, mas com tudo sobre controle. Estava com minha melhor roupa, toda branca e cheirando a cacau silvestre e meu melhor sapato de couro fino cor grafite queimado. Era um entardecer e o sol foi bruscamente ofuscado por você!! Ahhh você.... não sei seu nome nem seu gosto musical. Apenas sei que tem a posse do olhar mais lindo e de muitas palavras que conheço. Seus cílios negros, sua boca carnuda, seus braços fortes e seu sorriso desajeitado, só fizeram com que eu confundisse minha mente murada e cercada de espinhos que construí durante o inverno frio e sozinho; eu estava bem e decidido. Foi apenas cinco segundos para tirar toda e qualquer conclusão do que estava acontecendo e do que estava prestes a acontecer. Em uma rápida e eterna esbarrada de caminho, ouvi sua voz que está guardada dentro dos meus pensamentos, da qual busco toda vez que eu quero e sinto falta... falta?! Não é meio repentino e agressivo demais? NÃO!!! Algumas coisas escolhemos e outras as escolhas nos escolhem. Te olhei sem parar e procurava cada e qualquer desculpa para ir, de longe, até você, e observar em silêncio e sair correndo quando olhasse para mim. Então, no fim dessa ocasião, resolvi, de propósito, arrancar um de meus sapatos e deixar na escada para você o encontrar e me procurar até me achar, mas foi uma tentativa frustrante e sem sucesso... você desviou do meu sapato, pois já estava com outro sapato na mão e eu não sabia!! Apenas esperei você passar, recolhi meu sapato e o vesti, fui ao alto de um cume e deitei sobre ele para contar toda essa história para as estrelas, que estavam atentas; elas me respondiam e me consolavam com seus brilhos.

- está tudo bem!