sábado, 12 de junho de 2010

- evidências.


E com o passar dos dias, mas não dos momentos, meticulosos fatos se desfazem no ar como uma poeira em cima da televisão, ali esquecida, e que de vez em quando é arrastada, lembrada e retirada, porque acham que ali não é o lugar dela. E mesmo que eu tente me esconder dentro de uma casca, como uma tartaruga faz para proteger-se dos medos e dos perigos, há algumas coisas em nossas vidas que não tem como simplesmente esconder-se; mesmo que seja algo muito perigoso ou impossível de esquecer. Nem que eu tente lutar contra, às vezes penso não conseguir, como se uma fortaleza fora construída envolto de algo que pertence a mim, que mesmo que alguém tente perfurar, torna-se impossível de penetrar... qualquer som que seja, ou um brilho, ou um sinal. Como se algo estivesse se perdido dentro de mim, corroendo-me lentamente, como um ácido impetuoso, onde derramo palavras sólidas e pingos de desespero; amargas ou também um deprimente silêncio perdido no ar, que fora levado pra longe, em um lugar onde não há felicidade, nem tristeza, nem saúde, nem dor; apenas esquecido. E eu, cercado de pessoas, posso ouvir seus pensamentos mais profundos e secretos, apenas com o toque de um olhar, onde penetro seus olhos, percorro o caminho, sorrateiramente, até o lugar onde são guardados os sonhos e pouco a pouco vou sugando e puxando cada parte de qualquer imaginação ali existente; penso até que os manipulo ás vezes; mas ainda não me convenci. Fecho meus olhos e agradeço a Deus por certas coisas existirem ou terem existido, ou até mesmo pensado ser deixado de lado, mas é mais certo, preciso e importante como nunca fora; mesmo que não expresse. Lembro-me que em cima da cômoda, atrás do perfume, ao lado da sua foto que guardo, há um texto rabiscado... não para esquecer, pois quem quer esquecer rasga e joga fora, não simplesmente rabisca e deixa ali; apenas está rabiscado para que não eu possa ler todo momento e antes de dormir, e depois que acordar, e até mesmo antes de pensar em pensar... onde as palavras “Pareço bobo e confesso que devo estar, mas é assim que me sinto contigo... O que me resta é olhar o relógio, contar os minutos e esperar que volte” tornam-se possíveis de serem lidas, mas impossíveis de serem aproveitadas ou até mesmo de terem de volta seu verdadeiro e único sentido, onde apenas tento entender, falhando, e sem medo de para sempre assim ficar pois, o que estava dentro de mim fora dado à você e mesmo que me tenha devolvido, a socos, a força, contra sua vontade interior (acreditando estar certo agora) metade do meu se encaixou no seu e sua outra metade arrancou de mim, tendo eu meio e você um e meio, para dar sua metade a outro alguém que passará o resto da vida ao seu lado; te pertencendo, te amando e você retribuindo... eu ainda me lembro...

“E se você lembrar que nós pertencemos um ao outro, nunca se sinta envergonhado... chame meu nome. Mas se a gente não der certo, eu não estou nem aí, ainda vou poder sonhar com você”

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